Crescer dói

     



    A coisa ficando séria. Esse blog ressurge das sombras do esquecimento. Do mundo cringe, onde todo mundo tinha um blog para falar de si e do que gostava, sim, eu sou dessa época. Não me entenda mal, esse saudosismo não me atinge, mas preciso admitir, escrever permaneceu entre as coisas que mais gosto de fazer, mas o limão precisava descansar e seguir em frente. Isso não quer dizer que estou doente (Deus-me-livre-guarde!) Estou bem, viva! (para aqueles que davam uma espiada de vez em quando para ver se a menina do limão ainda respirava). A vida mudou, muita coisa mudou e eu não consegui escrever aqui por que eu também precisava continuar. 

    Agora, o blog também muda e segue em frente, mas os limões... ah, os limões... eles sempre dão um jeito de aparecer. A garota de 20 anos que começou a escrever por aqui também mudou, agora é mãe de uma linda garota de 10 anos, sim, essa bebê cuja foto está entre as mais visualizadas, agora tem quase a minha altura. E agora são 2, sim, em 2019 me tornei mãe de uma lindo e enorme menino. Se você achou que isso seria impossível, repense! Em 2015 eu me mudei para o nordeste e desde então sou missionária, juntamente com Pedro, meu esposo. Essa tem sido uma jornada e tanto! Bem, essas são as novidades mais relevantes que consegui lembrar, considerando os últimos 10 anos de silêncio. 

    Meus amigos espremidos, algumas coisas não mudam com o tempo, elas só mudam com um pequeno empurrãozinho (ou grande empurrãozinho), e uma delas foi a escrita na minha vida. Isso começou como uma brincadeira, um incentivo e talvez uma provocação, na tentativa de falar a verdade que eu não conseguia. E a escrita se mostrou uma ferramenta de cura poderosa ao longo dos anos. Hoje, posso contar umas dezenas de diários cheios de páginas borradas com lágrimas, alguns talvez nunca serão abertos e lidos (só-quando-eu-não-estiver-mais-aqui-pfv), mas cumpriram o papel de ouvidos quando eu não conseguia emitir sons, eram apenas palavras escritas, era muito doloroso. Não é assim com a grande maioria das pessoas? Não poderíamos seguir com a vida fingindo que está tudo bem até darmos uma surtada aqui e outra ali? Sim, poderia ser assim, poderia continuar assim. Mas adivinha? Não precisa ser assim. 

    Uma das coisas mais desafiadoras que escrever tem ensinado é que as palavras estão carregadas com algumas verdades, mas elas por si só não são a verdade. São visões e percepções, são verdades parciais. E o que escrevi ao longo desses anos, os textos que não foram publicados, revelaram que a minha visão sobre muitas coisas estava impregnada dessas visões distorcidas e meias-verdades, fazendo delas, mentiras. E como é difícil admitir isso. Eu estava errada sobre tanta coisa. Pronto! Falei! 

     Assumir minha necessidade de cura, que estava muito além do que meu corpo pedia foi um passo importante em direção à mudança que eu precisava. E esses têm sido anos transformadores. Desafiadores, porém transformadores. E nessa jornada de cura nasceu o livro Espremendo o limão, que traz uma digestão desse suco azedo que surgiu diante de mim. O livro ainda não está pronto, mas finalizar uma parte importante dele - o texto - me fez perceber como a escrita é algo que não consigo mais separar de mim. É assim que aprendo a ouvir a Verdade, que não está nas minhas percepções, mas uma verdade imutável, constante e mais real do que eu poderia imaginar.

    Então, minha tentativa nesse breve texto não é desmentir o que escrevi por anos nesse humilde blog, mas considerar uma mudança, e até mesmo desafiar o caro leitor. Esse lugar não busca reviver e acariciar minhas dores antigas. Esse lugar propõe não ignorar os limões da vida, que logo se mostraram diversificados e até criativos, me testando e azedando diferentes áreas da minha vida. Esse lugar é um convite a seguir em frente, saboreando novas nuances do azedo desses limões, vamos educar nosso paladar, afinal, crescer dói.

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