À espera do inesperado

Nunca fiquei tanto tempo sem postar, mas acho que ainda posso me redimir e contar o que tem mudado/revolucionado/desesperado/virado-do-avesso-tudo-o-que-pensei-ser-possível, mas de uma forma maravilhosa.
Após a possibilidade de um terceiro transplante que cada vez se tornava mais nítida e palpável, que estava mexendo com a minha cabeça, e... não vou mentir, não me deixava tão alegre, mas como todos os obstáculos ultrapassados até hoje, ele seria mais um... eu diria que seria uma overdose de transplante, mas se for necessário, eu topo. Mas como nem tudo na vida é como a gente quer/planeja ou imagina, fui e mergulhei de cabeça, vivendo, sobrevivendo e contando que na pior da hipóteses eu ficaria internada por um mês ou mais... mas como sou uma tolinha, não imaginei o que estava por vir. Algo que não tem ligação alguma com qualquer exame que eu tenha feito, algo que nunca foi cogitado ou planejado, mas que sim, estava nos meus sonhos distantes, não por desejar menos, mas por que foi algo que sempre ficou em último plano, algo inatingível e diria até impossível. Estou grávida do bebê mais milagroso que já vi. Depois de dois protocolos de quimioterapia, dois transplantes, quatro tratamentos de radioterapia e uma infusão de linfócitos, estou grávida. Custei a entender, mas não custei nada a admirar algo tão forte que  segundo Silas, resistiu a toda radiação de Chernobyl. Como toda juventude imprudente, sei que poderia ter adiado essa parte do plano, e sei que não vai ser fácil, mas já amo a pessoa que nunca vi. Eu e Pedro estamos vivendo intensamente e confiando nAquele que nos manteve até hoje. Nossas histórias não teriam essa escrita se Ele não nos tivesse mantido vivos. Nossas próprias histórias são provas de que Ele está vivo e agora, quando vejo a foto do nosso bebê se formando, não consigo pensar em nada diferente de ...Obrigada, pela vida, pelos planos adiados, pelos planos mudados, pelo susto, pelo amor, pelo cuidado, pela dependência do Teu nome, pela chance de viver algo que já estava apagando dos meus sonhos por ouvir que bem provavelmente isso nunca iria acontecer.

Aos meus queridos, amados e agora, atualizados leitores, só me resta dizer que planos mudam. E que eles podem surpreender de uma forma doce. Saí da terrinha para sobreviver e por muito tempo sentia que não conseguiria me sentir em casa longe do mar, das conversas barulhentas de domingo e do cheiro de tarde que Olinda tem. Agora entendo que mais importante do que os lugares, são as pessoas. Já sinto falta de ter minha família gigante paparicando o bebê que nem nasceu, cogitando sobre a personaliodade de alguém que nem aprendeu a falar. Sinto falta de ensiná-lo a andar na orla, vendo e querendo pegar e brincar com todos os cachorrinhos que vê. Pareço uma tola imaginando tudo isso, mas às vezes esses pensamentos passam na minha mente. Ele/ela vai gostar de comer isso ou aquilo? Vai parecer mais comigo ou com o pai? Qual a primeira palavra que vai falar?
Perto do mar ou da avenida mais movimentada, ele vai andar e aprender, vai ser amado e vai chorar pedindo coisas, vai crescer e vai ser minha descendência, vai ser o meu filho. Ou filha.

Ah! quase esqueci, no finalzinho de março me internei por uma semana pra tratar uma infecção. Por causa da gravidez tive que parar de tomar alguns remédios, mas que agora numa dosagem menor, posso tomar. Sustinho que rendeu 7 dias, sendo 5 no isolamento. Agora, passado o susto, preparo o humilde e feliz casório e a minha nova casa com um pouco de cor.

"Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois assim dá ele aos seus amados o sono. Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre o seu galardão." Salmos 127:1-4

Foto que roubei de Pedro

Dr Ésper tirou essa

Sempre existe uma primeira vez: Sr Myiagi no Espremendo o  Limão

Companhia para tudo. Amo demais.