Levantando da cama

Amigo, não fui capaz de escrever uma linha sobre a dor que senti por todos esses dias, e não senti um pingo de vontade de o fazer. Tentei, mas senti que não seria sincera. Então escrevo essas palavras não imaginando que você as lerá, mas as escrevo a mim mesma, que tenho perdido o sono nas noites que se seguiram e que não consigo me desligar das coisas passadas. E agora vejo que você foi a pessoa com quem me apeguei e cuja a cura acreditei desde o começo, por mais difícil que fosse a situação. De certa forma, via em você muito de mim mesma. E criar forças para entrar no mesmo quarto no qual fiz um dos transplantes pra poder conversar com você eram obstáculos íntimos que eu conseguia superar. Olhava pra você mas lembrava de tudo eu senti naqueles dias no isolamento. Eu entendia a sua dor e pedia a Deus que passasse. 
Diferente de qualquer problema, não ter controle sobre o corpo parece ser mais cruel, mas amigo, dói demais não ter controle sobre os pensamentos. Passo na rua e  vejo que a luz o quarto 825 está apagada, e não consigo me separar da dor de lembrar  da sua história e de tantos outros que se passaram, mas que mesmo assim ficaram na memória. Que contaram as histórias. 
Agora, escrevo com a minha parte que consegue se levantar, trabalhar, estudar, falar, sorrir. Porque a outra parte ainda está deitada na cama, esperando que o ânimo volte, que o sol volte forte, esquentando a casa, iluminando as paredes coloridas e sentindo o cheiro da comida gostosa no forno. Quando não haverão mais perguntas sobre o amanhã  e nem inquietações por respostas que não existem.  Espero que esse dia seja hoje, amigo. E que esse momento seja agora.  

"E a paz de Deus, qeu excede todo entendimento, guardará os vossos corações e o vossos sentimentos em Jesus Cristo." Filipenses 4.7


2 anos, mas parece que foi ontem

Comentários

Tenho orado por ti amiga, bjs e força.
te adoro!!!!
Anônimo disse…
Força Lari! O Pai está presente!

Bjs!

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