Para carecas e cabeludos
Galera do bem,
Mais de um ano depois do segundo transplante. A cada dia as coisas melhoram, com exceção dos leucócitos que de vez em quando teimam em adormecer, mas esse é um problema antigo. Algo com o qual se aprende a conviver com o tempo. Os músculos aparecem, ou tentam. Os cabelos crescem. O fôlego volta. O estresse da vida normal também reaparece. Mas é um tipo diferente de estresse e cansaço, melhor do que os de anos atrás.
Todos os dias que volto ao hospital para fazer meus exames é como um espécie de déjà vu. Mas agora apenas me detenho a observar e aprender. Rostos novos, carregados de histórias, vestidos com lindos lenços coloridos e chapéus charmosíssimos. Isso se chama "sofrer com estilo". - Vomito mesmo... ponho tudo pra fora... mas me recomponho e coloco aquele batom vermelho! No início achei que era exagero... e em alguns casos uma forma de negação... - Por que querer parecer saudável se você está doente? Mas depois percebi e aprendi que essa é uma forma de trazer à tona a pessoa real que existe por trás da doença. -Eu não sou apenas a menina que tem câncer... Meu nome é Larissa e eu estou doente. Eu não sou careca... eu estou careca.
Com certeza olhar no espelho muitas vezes era uma tortura. Ver os cabelos que desciam pelo ralo. Como partes suas que se vão com ele e que deixam evidente que você agora é um paciente oncológico... ou alguém com piolho.
Com exceção dos acessórios, todos eram parecidos nas salas de espera... carecas e com uma cor estranha. Nesses horas fica difícil imaginar que o cabelo vai crescer e que a cor vai voltar ao normal. Amigo... nessa horas me detenho a frase que não saía da minha cabeça: Para Deus não existem impossíveis.
Seja o impossível dos exames... do protocolo... da dor. Seja o impossível da mutilação. Seja a dor que você sente e que não conta a ninguém... mas que te faz chorar toda noite.
Essa semana tive notícias difíceis. Amigos queridos que passaram situações dificílimas. Guilherme por reação ao tratamento e Ricardo por uma pneumonia. Sustos comuns em tratamentos como esses. Mas nada comum pra quem sente na pele. Eles estão melhorando a cada dia. E toda dia uma nova batalha surge. Ao mesmo tempo, outros melhoram tanto, como Ângela que logo mais volta pra casa. Que vive/viveu esse furacão e agora volta com a mochila pesada. Mulher forte. Exalando cura e felicidade.
Todos os dias essas histórias são escritas e cultivam a esperança de que onde existe dor, logo cresça a cura, de corpo e de alma, para cabeludos e carecas afora.
Comentários
'No início achei que era exagero... e em alguns casos uma forma de negação... - Por que querer parecer saudável se você está doente? Mas depois percebi e aprendi que essa é uma forma de trazer à tona a pessoa real que existe por trás da doença.'
Adorooo seus posts.. e fico mto feliz por saber q as coisas tem melhorado pra vc!
Força, sempre!
Grande beijo Lari :*
bjão pra vc e fica com Deus
Deus te use, criança!!! :D
Achei um tempo e resolvi dar uma passada.
PS: não me lembro de ter autorizado uso de imagens minhas. Hum!
beijos
saudades