Feliz Natal Novo

Caríssimos, 

Um natal diferente: gordo, silencioso e feliz. Admito que a falta das crianças correndo ao redor da mesa foi maior do que eu pensei. A mesa era farta e pra mim foi muito especial e até surreal lembrar do natal do ano passado, quando eu observava todos em volta como uma espectadora que assiste um filme sem saber do final. Que sofre com a mocinha e se assusta nas cenas de suspense. Quando milhares de coisas se passavam na minha cabeça. Eu ia fazer o segundo transplante, eu não sabia se funcionaria, eu não sabia quanto tempo  demoraria minha recuperação, mas eu esperava que durasse uns quatro meses... tolinha. Essa seria minha única chance, mas disso eu também não tinha certeza. Eu só tinha 22 anos, e queria ter um natal normal. Por isso foi tão importante ver as pessoas. Abraçar. Ouvir os risos e descobrir quem me tirou no "mendigo secreto". São reuniões, ritos, encontros, ou do que você quiser chamar. Eu chamo de família. 
Mas esse ano foi diferente (2), por que a situação é diferente. Não poder abraçar Felipe no dia em que completou os seus 23 anos (o que também fez muita falta) e nem ir a praia no dia seguinte como os 90% que foram. 
Mas como Deus é muito bom, deixou uma caixa bem bonita na porta do meu "apê" alugado. Ela tinha um papel laminado belíssimo e preso na fita vermelha vinha um bilhete: Para alegrar o natal, contar para toda a vida e chamar de amigo. Beijo.
Eu abri que nem uma criança que vem de pijama e até esquece de ir no banheiro só porque viu a tal caixa enfeitada. Arranquei o papel bonito e de dentro da caixa tirei coisas preciosas. Amigos dispostos a abrir sua casa e passar a noite de natal ouvindo milhões de histórias, por isso sou imensamente grata. 

...

Pensei em entrar numa onda de retrospectiva. Ou numa onda de balanço, de coisas boas e ruins que aconteceram. Mas, são muitos e provavelmente me esqueceria de alguns, muitos. Não seria justo. Mas muitas coisas continuam a girar em torno da minha mente e inevitavelmente vejo o quanto essa história mudou a vida de muitos ao meu redor. Em alguns momentos, digo os ruins, me sinto culpada (sei que essa não é a palavra correta, mas é um sentimento bem próximo), ou às vezes como um fardo que é carregado.
Não quero me vitimizar, mas sei que esse é um sentimento que alguns que passam por essa situação sentem. Queria fazer meu tratamento, ficar curada, mas não queria que minha família precisasse se mudar, nem que meus pais pedissem transferência ou demissão. Não queria que meus irmãos deixassem suas vidas na terrinha para um lugar diferente, forçando uma adaptação que sei que é mais difícil do que imagino. 
Pode parecer besteira, ou qualquer coisa do tipo, mas quando olho a redor, também vejo esse lado que prefiro não mencionar, mas que pesa. E é necessário. Por isso também, quero e sei que a minha cura também é deles. Porque no dia que descobri minha recidiva em julho de 2009, quando voltei para o hotel, foi difícil imaginar que eu suportaria chegar até aqui. Nesse dia meus irmãos choraram como há muito tempo não faziam. Naquele dia eles sentiram a minha dor. Pode ser empatia, comoção, o momento. Eu chamo família.

A Deus, minha vida, como gratidão pela chance, pelo respirar. Aos amigos, um abraço forte. Uma imensidão de alegria no próximo ano. Olhem para cima, vejam as estrelas. 

"Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?" Marcos 8.36


























Uma pausa na chuva e por favor, ligue o ar condicionado!

Comentários

Unknown disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse…
Lari, tudo bem querida?!
Estou passando pra te desejar tudo de bom nesse ano que inicia, que seja repleto de bençãos pra vc e sua família viu!
E fiquei muuuito feliz com a sua notícia, que recebi pelo e-mail encaminhado do Joel!
Glória a Deus!!!
Saiba que oro muito por vc e sua família e continuarei orando!
Que vc seja muito feliz hoje sempre!!
Ahh...e amei o blog! Parabéns

Beijoosss
Raquel Justino
Oi,

Hoje pensei quantas pessoas estariam espremendo limão no tal exato momento, e 'achei' seu blog.
Gostei :D

Beijos,

Flávia.
Anônimo disse…
Larinha,estou com saudades de vc e Recife e Olinda parecem que resolveram saudar sua querida filha com o clima de sampa,pois deu uma esfriadinha por aqui,mas pensei,qdo ela chegar com sua energia,os termometros iram para os 30e muitos que estamos acostumados e o azul sera +verde,pq sua filha dileta vai nos presentear com sua presenca,tao esperada,e DEUS faca com que ela pegue leve para que o Dr Celso a libere mais vezes para alegria geral das cidades,carentes de seu sorriso de seu andarmaravilhoso,qdo fica envergonhada,e pisa para dentro,enfim de tudo,estamos te esperando comos bracos e coracoes abertos.Te Amamos e estamos nos vestindo para vc,ass. Recife/Olinda (Carol e familia)

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