Os estágios psicológicos
Hoje vi fotos recentes de Miguel. Está enorme e logo logo faz um aninho. As fotos da festinha de aniversário de dez anos de Luiza mostram todos muito parecidos com o último almoço de domingo. Mas Miguel está grande e bem provavelmente não vai lembrar de mim. Porque cresceu ou porque meu cabelo está muito diferente. Ou pelas duas coisas. Aí lembro que aqui os meses e dias parecem muito mais longos, distantes. Assim as coisas parecem mais difíceis do realmente são. Distorcer as situações se tornou um hábito perigoso e agora tento colocar a cabeça no lugar para não enlouquecer com as reações que desencadearam nos últimos dias e com a vontade louca de voltar para casa. Seria bem diferente em outro contexto. Se não fosse pelo tratamento, se não fosse tão tenso, se não fosse tão difícil.
As reações se tornaram constantes e sempre desaparecem quando eu vou mostrar a Sr. Miyagi. O que faz parecer que são de mentira, mas não são. Mas baseado no que eu conto e nas imagens do PET, tudo indica que é a medula está num processo de expansão ou algo parecido. Então vamos observar e fazer um biópsia para diagnosticar se for outra coisa, que eu sinceramente torço para não acontecer. Até lá eu pareço um plástico bolha de vez em quando.
|Brown & Kelly, citados por Wolcott 1986(2), descrevem oito estágios psicológicos do paciente submetido a TMO: 1) decisão de aceitar o transplante,2) avaliação da internação e planejamento de cuidados, 3) regime de isolamento/condicionamento,
4) TMO propriamente dito, 5) pega da medula ou rejeição do enxerto, 6) possível desenvolvimento de GVHD, 7) preparação para alta, 8) adaptação fora do hospital.|
Esse é um trecho de um artigo que encontrei sobre Aspectos Psicológicos e Psquiátricos do Transplante de Medula Óssea.
Mas quando eu leio isso fica mais ou menos assim na minha cabeça:
1) decisão de aceitar o transplante - Se eu não fizer eu posso morrer, se eu fizer posso morrer. Se eu não fizer posso nunca mais ter a doença, sim isso é possível, mas passarei longos anos me preocupando muito mais com exames de rotina. Se fizer posso adquirir outras doenças por causa dessa cura. É o risco;
2) avaliação da internação e planejamento de cuidados - Como eu vou suportar tantos dias internado e como minha família não vai enlouquecer até lá;
3) regime de isolamento/condicionamento - essa história de quem faz um, faz dois não existe aqui. O médico é o mesmo e o quarto também mas essas são as únicas semelhanças que posso encontrar;
4) TMO propriamente dito - aquilo pelo qual você esperou longos meses ou anos, pelo qual você se preparou tanto mas que pode ser a experiência mais imprevisível da sua vida;
5) pega da medula ou rejeição do enxerto - pela pega da medula por favor;
6) possível desenvolvimento de GVHD - essa parte eu pulo;
7) preparação para alta - eu não aguento mais a comida desse lugar;
8) adaptação fora do hospital - quando se chega no fim da uma reta e agora chegam as curvas, onde se escondem as novas paisagens e os buracos do caminho. Para ver, você vai ter que chegar até elas.
Passei o caminho reto e por buracos enormes nas curvas, meu combustível não é aditivado mas minha vontade de viver é enorme.
"Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos." Salmos 126.6

Miguel versão quase-um-ano
As reações se tornaram constantes e sempre desaparecem quando eu vou mostrar a Sr. Miyagi. O que faz parecer que são de mentira, mas não são. Mas baseado no que eu conto e nas imagens do PET, tudo indica que é a medula está num processo de expansão ou algo parecido. Então vamos observar e fazer um biópsia para diagnosticar se for outra coisa, que eu sinceramente torço para não acontecer. Até lá eu pareço um plástico bolha de vez em quando.
|Brown & Kelly, citados por Wolcott 1986(2), descrevem oito estágios psicológicos do paciente submetido a TMO: 1) decisão de aceitar o transplante,2) avaliação da internação e planejamento de cuidados, 3) regime de isolamento/condicionamento,
4) TMO propriamente dito, 5) pega da medula ou rejeição do enxerto, 6) possível desenvolvimento de GVHD, 7) preparação para alta, 8) adaptação fora do hospital.|
Esse é um trecho de um artigo que encontrei sobre Aspectos Psicológicos e Psquiátricos do Transplante de Medula Óssea.
Mas quando eu leio isso fica mais ou menos assim na minha cabeça:
1) decisão de aceitar o transplante - Se eu não fizer eu posso morrer, se eu fizer posso morrer. Se eu não fizer posso nunca mais ter a doença, sim isso é possível, mas passarei longos anos me preocupando muito mais com exames de rotina. Se fizer posso adquirir outras doenças por causa dessa cura. É o risco;
2) avaliação da internação e planejamento de cuidados - Como eu vou suportar tantos dias internado e como minha família não vai enlouquecer até lá;
3) regime de isolamento/condicionamento - essa história de quem faz um, faz dois não existe aqui. O médico é o mesmo e o quarto também mas essas são as únicas semelhanças que posso encontrar;
4) TMO propriamente dito - aquilo pelo qual você esperou longos meses ou anos, pelo qual você se preparou tanto mas que pode ser a experiência mais imprevisível da sua vida;
5) pega da medula ou rejeição do enxerto - pela pega da medula por favor;
6) possível desenvolvimento de GVHD - essa parte eu pulo;
7) preparação para alta - eu não aguento mais a comida desse lugar;
8) adaptação fora do hospital - quando se chega no fim da uma reta e agora chegam as curvas, onde se escondem as novas paisagens e os buracos do caminho. Para ver, você vai ter que chegar até elas.
Passei o caminho reto e por buracos enormes nas curvas, meu combustível não é aditivado mas minha vontade de viver é enorme.
"Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos." Salmos 126.6
Miguel versão quase-um-ano
Comentários
Se quiser, passa pra conhecer o meu depoiss!
beijos
I-ncrivelmente
D-eus
A-ge
Nele estava a VIDA, e a VIDA era a luz dos homens.
Evangelho de João 1:4
Estou meio na correria aqui; mas se quiser manter contato e jogar conversa fora é só dizer ok?
Um beijo com amor
Já faz algum tempo que gostaria de entrar em contato com você. Faço parte da equipe do INANA, portal de informações e troca de experiências, dedicado à mulher com câncer.
Gostaria de te fazer um convite por email. Você poderia me enviar seu contato para marina@inana.com.br?
Para conhecer um pouco mais acesse: www.inana.com.br
Muito obrigada,
Bjs, Marina
beijos, gata, to com mta saudade!